Estar bem significa fazermos o que está ao nosso alcance para assegurarmos que o nosso corpo atinge o seu equilíbrio interno.
A Homeostasia designa-se como um processo de regulação pelo qual um organismo mantém o seu equilíbrio. Esse equilíbrio assegura a normalização de diversas funções e composições químicas do corpo (por exemplo a temperatura, a pressão arterial, o índice de glicose sanguínea).
Esta é sem dúvida uma definição clara de “equilíbrio interno”, do ponto de vista biológico e fisiológico. E também foi uma ótima forma de introduzir este artigo, pelo que talvez se estejam a questionar onde é que eu quero chegar com isto.
Embora o nosso organismo, como já vimos, tenha a capacidade de assegurar o seu equilíbrio, cabe-nos a nós criar as condições certas para que esse processo seja bem-sucedido. Imaginemos este exemplo: nós podemos saber escrever, mas sem um papel e caneta pode tornar-se mais difícil, senão impossível, começarmos esse processo. Talvez até consigamos arranjar uma alternativa, mas levaremos muito mais tempo e esgotaremos muito mais recursos do que era suposto, tendo em conta que “escrever” é uma ação tão simples para nós, que conseguimos assegurar na perfeição.
O mesmo se passa dentro de nós, nas nossas células, nos nossos órgãos. O nosso corpo sabe o que fazer para estar bem, basta nutrirmos o seu ambiente interno de forma correta. Contudo, no meio do caos do nosso quotidiano, isso pode tornar-se uma tarefa difícil. Muitas vezes somos desafiados a puxar limites, a ir além da nossa energia disponível, disfarçando o cansaço e os sinais que o corpo dá com cafeína.
Por isso, embora muitas vezes não consigamos alterar as nossas circunstâncias, podemos adotar algumas medidas para assegurarmos que o nosso equilíbrio interno se vai mantendo, podendo assim coexistir com a realidade de uma forma sustentável.
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Comer bem!
Já falei de alimentação num post anterior do JRNY Blog “Cozinha é uma linguagem de amor”. E embora não seja nutricionista nem deseje debruçar-me sobre áreas que não são do meu âmbito profissional e de formação, apenas posso dizer que as escolhas que fazemos na nossa alimentação vão influenciar diretamente o nosso equilíbrio interno. Podemos mesmo influenciar variáveis como pressão arterial, níveis de glicose e até mesmo o rendimento cognitivo, apenas com as escolhas de alimentos que fazemos.
Colin Campbell, PhD e autor do livro “The China Study”, um dos maiores estudos de nutrição alguma vez feitos, afirma que a probabilidade de contrairmos alguma doença grave (ou revertê-la) pode mesmo ser influenciada por apenas três coisas: pequeno-almoço, almoço e jantar.
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Dormir bem!
Contra mim falo, mas estou empenhado em melhorar este hábito. Uma noite bem dormida também pode significar a diferença entre um bom e um mau dia. O nosso corpo precisa de recarregar, de assimilar nutrientes, reconstruir tecidos e processar informação para atingir o seu equilíbrio interno. E isso só se consegue à noite, no conforto dos nossos lençóis, longe do frenesi das redes sociais.
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Treinar bem!
Aqui sim, estou na minha praia, e podia enumerar sem qualquer esforço umas trinta razões para fazermos exercício. De facto, movimento é das melhores formas de libertarmos energia acumulada, ou repormos energia em falta. Darmos aos nossos músculos capacidade de produção de força, de tolerância à mudança de amplitudes, às mudanças da temperatura, às escadas dos prédios que subimos dezenas de vezes, às idas ao supermercado com sacos pesadíssimos. Mas há uma lição ainda mais significativa que eu acho que o treino/exercício nos dá: aceitação do desconforto.
Quando estou na faixa de Desafio Final da aula de Força e Foco do JRNY, e todos os meus músculos tremem e ardem, eu penso: “Isto vai terminar”; “Este desconforto é temporário”. Mais do que isso, crio em mim a voluntariedade do movimento. Eu contraio o abdominal porque quero, eu controlo o meu movimento, por isso também posso controlar outras coisas. As minhas decisões, os meus pensamentos. E aceitar melhor os desconfortos (temporários) da vida.
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Estar com a natureza.
Esta última talvez seja uma surpresa, mas já existem várias evidências científicas em como o contacto com a natureza é importante para o nosso corpo e mente. A natureza é a placenta que nos acompanha a vida toda, e que contribui para o nosso crescimento, desenvolvimento e equilíbrio interno. Um dos estudos que apontam para isto está publicado no International Journal of Environmental Research and Public Health, em que se constata que o contacto com a natureza pode influenciar diretamente os níveis de cortisol do nosso sangue e melhorar a capacidade de resposta do nosso sistema imunitário.